Quer aumentar suas chances de sucesso na amamentação? Não dê banho nas primeiras 12h de vida do bebê
Então seu bebê nasceu, via cesárea ou parto normal e, por mais que tenha feito pele a pele, por mais que tenham respeitado a golden hour, logo os protocolos hospitalares os levam para o banho, geralmente dado sob torneira e, claro, os bebês “congelam”, sendo levados pros berços aquecidos. Nesse processo de hipotermia, o organismo trabalha como louco queimando reservas para elevar a temperatura do corpo do bebeio, o que pode levar à hipoglicemia. Daí, em 2010, uns caras do Boston Medical Center (USA) resolveram estudar as taxas de aleitamento de 702 bebês lá nascidos, após a instalação de um protocolo que adiava o banho para 12h (ou mais, após o nascimento, sendo dado no quarto do hospital, em companhia dos pais e, logo após o banho, colocado em contato pele a pele com algum dos genitores.
(créditos da imagem na foto)
A ideia era averiguar se o atraso no banho, justamente para evitar hipotermia e hipoglicemia (o bebe fica sonolento, tem dificuldade de iniciar a amamentação e acabam dando complemento ou soro glicosado) melhoraria as taxas de amamentação e pá: os resultados foram incríveis! Primeiro porque atrasar o banho significava manter o bebê mais tempo com a mãe, em contato pele a pele, o que foi demonstrado ter muitos benefícios, como mais facilidade na amamentação e redução do choro do bebê. Isso é um fato significativo, pois o choro é entendido pelos pais como fome (e, às vezes, é stress), o que libera um gatilho emocional para o uso desnecessário de fórmula láctea.
Assim, o que os pesquisadores encontraram foram os seguintes dados: quando o banho era feito menos de 3h após o nascimento, as taxas de iniciação exclusiva da alimentação do bebê serem via aleitamento exclusivo era de 32% e após o atraso no banho, subiu pra 40%. Isso, numa análise estatística chamada de multivariada, representa um aumento de 39% nas chances de sucesso do estabelecimento da amamentação no hospital, ou seja, é BOM PRA CARAMBA!
Outros estudos já demonstraram também como o vérnix é importante para a saúde da pele do recém nascido, pois além de mantê-la hidratada, impede a colonização por bactérias maléficas. Além disso, o uso de clorexidina (antisséptico) nos banhos hospitalares (ai que óoodio do banho que a alemoada tomou, e da alemoa,em especial pois eu já sabia disso e pedi que não dessem, em meu plano de parto, mas a pediatra plantonista mandou dar, que óooodio mortal) acaba com as bactérias boas (da mãe), deixando porta aberta pra bactérias ruins tipo Strepto B e E. coli.
Assim, adiar o banho do recém nascido só traz benefícios, gente! Vamos lançar a campanha #AdiemMeuPrimeiroBanho?
Referências:
American Academy of Pediatrics & American College of Obstetrics and Gynecology. Guidelines for perinatal care. 7th ed. Elk Grove Village, IL: American Academy of Pediatrics. 2012. [Washington, D.C.: American College of Obstetrics and Gynecology].
Bramson et al. 2010. Effect of early skin-to-skin mother-infant contact during the first 3 hours following birth on exclusive breastfeeding during the maternity hospital stay. J Hum Lact, 26:130–137.
Preer et al. 2013. Delaying the Bath and In-Hospital Breastfeeding Rates. Breastfeeding Medicine, v. 8: 485-490. DOI: 10.1089/bfm.2012.0158