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A mídia, a desinformação e o desmame precoce

Tu já parou pra pensar porque oferecemos certas porcarias pras nossas crianças? Quem fez parecer que eram a coisa certa? O poder todo é da mídia, que nos convence com argumentos que mexem com nossos calcanhares de aquiles.


Qual mãe não se desespera quando o filho não come, e acaba ofertando algo em troca da refeição?


Quem cresceu nos anos 80/90, lembra de cor a música e o slogan do dano****o, que valia por um bifinho, neam? Nunquinha que vai valer trocar um pote de açúcar com corante por uma carne.


Pois bem, olhem essa propaganda de refri: basicamente ela diz que bebês podem tomar, afinal é um produto tão puro que seria adequado e ainda sugerem às mães que, caso o bebê esteja rejeitando a mamadeira de leite, misture com 7-up.


(Imagem do Pinterest)


Na página 20 do Manual de Nutrologia do Ministério da Saúde, está escrito assim: "Alguns alimentos não devem ser dados para a criança pequena porque não são saudáveis, além de tirar o apetite da criança e competir com os alimentos nutritivos e estão associados à anemia, ao excesso de peso e às alergias alimentares. A criança pequena não pode “experimentar” todos os alimentos consumidos pela família, por exemplo, iogurtes industrializados, queijinhos petit suisse, macarrão instantâneo, bebidas alcoólicas, salgadinhos, refrigerantes, doces, sorvetes,

biscoitos recheados, entre outros".


Pois é.


Só que uns pesquisadores fizeram uma análise e observaram que 49% das mães brasileiras oferecem um ou mais alimentos supérfluos a bebês menores de 1 ano, sendo que 14,5% dos bebês MENORES DE 6 MESES (caraia) já tomavam refri, 29,1% iogurte, 43,6% queijinho petit suisse (tipo dano***ho, cham***o).


Agora vejamos as taxas de amamentação exclusiva no país: 54,1 dias. 1 MÊS E 24 DIAS. Se compararmos com o último levantamento, de 1999, as taxas de aleitamento dobraram, eram de apenas 23 dias nessa época e de 54 em 2008, quando foi feita a última pesquisa. No geral, 41% dos pequenos brasileiros chegam aos 6 meses de amamentação exclusiva, e a OMS considera “bom” o indicador de um país que tenha ao menos 80% das crianças nessas condições, ou seja, temos que suar muito ainda pra atingirmos estes índices.


(Resumo dos dados coletados em 2008 pelo Ministério da Saúde para a II Pesquisa de Prevalência de nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal, publicada em 2009).



Pois é.


Também se observou que 58% das crianças usam mamadeira e 42,3% usam chupeta. Agora fica difícil dizer que chupeta e mamadeira não causam desmame precoce, né? Daí desmame e faz o quê, já que o leite de lata é caro e tem toda uma cultura dos produtos infantis como sendo bons, ou ainda, que criança não pode passar vontade, ou que um tiquinho não mata? Introduz "alimentos supérfluos", como os pesquisadores chamaram as tranqueiras que nossos bebês comem.


Outros pesquisadores relacionaram a introdução destes alimentos entre os 4 e 6 meses de vida com o aparecimento de doenças crônicas na vida adulta (como diabetes, hipertensão) e acharam dados como: 79,3% dos bebês maiores de 6 meses consumiam biscoitos recheados e que, dos bebês que participaram da pesquisa e tiveram a introdução alimentar feita entre os 3 e os 9 meses de vida, suas mães buscavam informações entre seus familiares ou de sua própria experiência e, por último, informações com o pediatra.


A gente pode discorrer muito sobre o tema, sabemos que a Sociedade Brasileira de Pediatria é "apoiada" pela Nestlè, e que muitos dos próprios pediatras indicam umas coisas horrorosas (até porque se baseiam em suas próprias vivências), sabemos também que a especialização em pediatria não é focada na saúde e sim na doença e, por fim, nutrição é assunto de nutricionista ou de nutrólogo, mas, em todos casos, os agentes de saúde deveriam zelar por esses bebês. Então se a informação, ou falta dela, é responsável pelas péssimas escolhas das mães na hora da introdução, cabe à nós, mães também, divulgarmos a informação correta.


Sim, eu acho que cada família sabe o que e melhor pra si. Mas a gente só consegue fazer boas escolhas quando se tem informação de qualidade. É possível criar crianças saudáveis sem refri, sem petit suisse e sem mucilagens, e não, não precisa ser rico de dinheiro, mas rico em informação. As redes sociais ajudam muito no processo, mas é preciso também saber separar as boas das más informações.


Por isso, gurias, não deixem que a indústria dite o que é melhor pros bebês de vocês. Não deixem as propagandas te convencerem que petit suisse vale mais que um bifinho, e que Nan é quase a mesma coisa que leite materno, porque não é. Baixemos à guarda pras novas informações e vamos em frente, o aleitamento precisa de PROMOÇÃO E APOIO.


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Fontes consultadas para elaboração desta postagem:


II Pesquisa de Prevalência de nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal 1ª edição 1ª reimpressão Série C. Projetos, Programas e Relatórios Brasília – DF 2009 Aleitamento Materno. Disponível em

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_prevalencia_aleitamento_materno.pdf


Manual de Orientação. Departamento de Nutrologia. Alimentação: do lactente ao adolescente. Alimentação na escola. Alimentação saudável e vínculo mãe-filho. Alimentação saudável e prevenção de doenças. Segurança alimentar. Disponível em: http://www.sbp.com.br/src/uploads/2015/02/14617a-pdmanualnutrologia-alimentacao.pdf


Spinelli et. al. 2001. Consumo, por crianças menores de um ano de idade, de alimentos industrializados considerados supérfluos. Pediatr Moderna, 37 (12): 666 - 672.


Caetano et. al. 2010. Complementary feeding: innapropriate practices in infants. J Pediatr, 86(3): 196 - 201.



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